Você pode estar na internet do seu jeito
Por muito tempo, acreditei que estar na internet não era para mim.
Por muito tempo, parecia que a única forma de construir uma comunidade, ganhar dinheiro e estar presente a longo prazo, seria compartilhando minha vida inteira.
Minha rotina, meus relacionamentos, meu trabalho, onde eu fui, para onde vou, o que eu comi, ter uma opinião sobre tudo. Ser extrovertida e falar constantemente com uma câmera.
A verdade é que eu sempre tive pavor de alta exposição.
Me revirava o estômago toda vez que uma influenciadora que eu gostava gravava um vídeo contando que terminou um relacionamento longo:“já que compartilho toda minha vida com vocês, não faria sentido esconder isso…” ou qualquer coisa parecida.
Imagina estar no ápice da fragilidade e ainda precisar expor uma ferida aberta, correndo o risco de receber mil julgamentos e conselhos não-solicitados? Esse é um tipo de desconforto que eu jamais aceitaria passar. Nunca estive de acordo com esse “preço” que muita gente está disposta a pagar.
Fora toda a exposição, dizem que você ainda precisa: definir seu nicho, agregar valor com seu conteúdo, estar em todas as plataformas existentes, ter uma constância muito bem definida, ser autêntico ao mesmo tempo em que reproduz tendências, etc.
Diante disso, meu pensamento sempre foi: não, obrigada.
No entanto, eu sempre gostei de criar. E sempre gostei da internet.
Amo escrever, fotografar, gravar vídeos, editar… AMO! Mesmo sendo uma introvertida altamente funcional (beijos, Camila Fremder), eu gosto de compartilhar meu ponto de vista sobre a vida. E lógico, estaria tudo bem se eu quisesse criar só para mim… o que, na verdade, já fiz por muito tempo. Mas, eu gosto da troca e da conexão com outro ser humano que, provavelmente, eu não conheceria se não fosse a internet.
E me recuso a acreditar que só existe um jeito de fazer isso. Me recuso a acreditar que preciso estar ativa em todas redes sociais ou que eu não tenho controle total sobre o que escolho mostrar.
O digital mudou muito de uns anos pra cá, e o universo de produção de conteúdo (argh, detesto esse termo, mas vai ele mesmo) também. Relevância não significa mais ter milhares de seguidores que acompanham cada segundo da sua vida. Aliás, o que significa “ser relevante” pra você?
Eu não tenho, nem nunca tive, a crença de que posso ser tão relevante assim na vida de alguém. Reconheço muito bem minha irrelevância para o mundo. Aliás, aceitar essa insignificância foi um dos fatores que mais impulsionaram a minha criação e meu desejo apaixonado de dividir, trocar, tentar e aprender.
Defendo muito a ideia de que podemos experimentar e criar livremente até entender o que faz mais sentido com nosso estilo e personalidade, sem a necessidade de rótulos e contorcionismos para caber em espaços que não pertencemos.
Sim, pode ser que seguindo todas as fórmulas e receitas de bolo você “chegue lá” mais rápido. Mas, de novo, a que custo?
E eu sei que não é fácil a escolha de seguir esse caminho. Eu mesma me pego caindo em vários desses padrões de comportamento. Todos os dias em que decido criar e compartilhar o que criei, preciso me lembrar dos meus inegociáveis. Preciso fechar o laptop, deixar o celular em outro cômodo, pegar meu diário, minha caneta e olhar para dentro.
É indiscutível que existem boas práticas que funcionam? Sim. E que vários formatos e estilos de criação inspiram e norteiam minha própria arte? Também.
Mas é exatamente isso que as boas práticas e os formatos são: uma bússola que orienta, não um GPS que traça um caminho preciso e garante uma chegada fácil ao destino.
Só… divirta-se, aproveite o processo e, como muitos dizem por aí, não tenha tanto medo de ser visto tentando.
Depois de anos de auto-análise, terapia e muitas conversas com pessoas especiais, cá estou eu, me permitindo estar nesse lugar. Continuo com medo, dúvidas e receios. Mas sigo com a plenitude de saber que vivo a minha verdade, seja na internet ou em qualquer outro lugar.
Espero que esteja vivendo a sua também :)
Com carinho,
Mari 💌
Nossa, você foi no ponto. Eu gosto de criar, eu gosto de escrever e comunicar, e eu não quero fazer isso pra gaveta da minha escrivaninha. Eu quero jogar pro mundo. O problema é que hoje parece muito difícil fazer isso sem ter que "jogar o jogo". E que jogo insalubre! Então, sim, eu concordo e sou a favor de a gente estar na Internet do nosso jeito, pela nossa saúde mental e pela fluidez da nossa criatividade
Ah, moça, também sou assim. Meu perfil de instagram é fechado e os textos que aqui escrevo, posto nos stories dos melhores amigos. Eu ainda tenho muito medo da exposição. Me sinto mais a vontade escrevendo aqui, com “estranhos”.